O migrante nordestino, metalúrgico e líder sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva é reconhecidamente um dos homens mais importantes da primeira década deste século, não apenas no Brasil, mas no mundo.
A história registrará que, durante o seu governo, o Brasil pulou vários degraus em importância internacional, ganhou em pujança econômica e recuperou a autoestima interna.
Mas, retrospectivamente, sem o calor do momento e sem o peso do marketing, a história tenderá também a reequilibrar de forma mais justa a importância de Lula e de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Hoje, Lula é quase um Deus, enquanto FHC é tratado como um quase fiasco. A balança ficará mais bem ajustada quando recuperada a realidade de que os dois governos fazem parte de um único processo.
Há uma relação de causa e efeito nesse ciclo virtuoso, que começa com a estabilidade da economia e desemboca na inclusão de 27 milhões de brasileiros.
Com seu imenso carisma, sua vibrante biografia e sua decantada capacidade de comunicação com pobres e ricos, letrados ou não, Lula transformou os êxitos de FHC em "herança maldita" e potencializou os seus próprios acertos.
Valeu-se da intuição e inteligência, mas também da avalanche de dinheiro que favoreceu não só o Brasil e a sua popularidade, mas outros países e a de outros governantes da América Latina.
É como se fizesse o governo de FHC, mas com dinheiro e um olhar mais focado no social. Seu grande programa de chegada, o "Fome Zero", não existia. Mas aproveitou bem a estabilidade da economia, o Bolsa Família, o sólido sistema bancário e deu saltos de qualidade.
Multiplicou os recursos para as famílias de baixa renda e ampliou o crédito das classes médias baixas, sem mexer um milímetro nos ganhos de capital. Nunca os bancos lucraram tanto, mas a carga tributária é considerada a 14ª mais alta do mundo. Ou seja: redistribuiu renda, mas não do capital para o trabalho.
Lula entra para a história como um dos mais importantes presidentes do Brasil e um dos líderes mais amados da década no mundo. Mas, fora do poder, uma avaliação mais fria, menos emocional, poderá mostrá-lo ainda um grande líder, mas igualmente um mito que cai na real.
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