sábado, 23 de outubro de 2010

Antes que seja tarde

De maneira geral, vai ficando cada vez mais claro que o mundo caminha para intervir nas políticas de câmbio via controle, agora dos superávits fiscais, ou déficits, com metas e bandas de flutuação para evitar uma guerra comercial ou cambial, o que dá na mesma. A China, tudo indica, não aceitará facilmente a proposta que interessa antes de tudo aos Estados Unidos, que os chineses acusam de inundar o mundo de liquidez para evitar uma estagflação interna, o que mais uma vez quebra mais um tabu e propõe a intervenção estatal no tão falado mercado.

O noticiário trata da questão cambial destacando que um dos mais prejudicados com a guerra cambial deflagrada no mundo é o Brasil, que esbarra na falta de apoio à proposta de uma solução articulada entre países que evite a valorização excessiva das moedas. Enquanto o real se aprecia ainda mais, a China mantém sua moeda subvalorizada. Ao nosso Brasil não restam muitas saídas. Vamos ter que caminhar para quarentenas e mesmo cercear a entrada de determinados capitais, determinadas operações e investimentos estrangeiros no país, antes que seja tarde.

Desconstrução do preconceito

Para entender melhor o resultado do primeiro turno da eleição presidencial e projetar o resultado final do confronto entre Dilma e Serra, no dia 31 de outubro, é preciso falar do velho preconceito contra o Nordeste plantado nos corações e mentes de parte da elite das regiões Sul e Sudeste. O “Sul Maravilha”, conforme batismo do cartunista Henfil, um ícone do petismo aguerrido e ortodoxo.
Para esse pessoal, o voto no Nordeste foi comprado pelo Bolsa Família. Ninguém oferece uma contribuição melhor para a compreensão dessa questão do que a professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.
Os argumentos dela não se sustentam no compromisso político. Ela mostra que os beneficiários do Bolsa Família “não são suficientemente numerosos para responder pelos porcentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno: mais de dois terços dos votos no Maranhão, Piauí e Ceará e mais de 50% nos demais estados e cerca de 60% do total”.
Há fatos gerados pela administração Lula que explicam os votos: essa região, assim como o Norte, liderou as vendas do comércio varejista no Brasil entre 2003 e 2009. A consequência, segundo Tânia Bacelar, foi o dinamismo do consumo que “atraiu investimentos para a região”.
“Redes de supermercados, grandes magazines e indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo que as pequenas e médias empresas locais ampliavam sua produção”, explica.
O longo e importante braço da Petrobras influiu na dinâmica da economia nordestina. Houve investimento em novas refinarias e o resgate da indústria naval, que levou para aquela região vários estaleiros.
Tânia Bacelar fala, também, da “ampliação dos investimentos em infraestrutura, promovida pelo PAC com recursos que, somados, têm peso no total dos investimentos previstos superior à participação do Nordeste na economia nacional”.
Lula, segundo ela, quebrou o mito de que “a agricultura familiar era inviável”. Entre 2002 e 2010, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) sextuplicou os investimentos e, somado a outros instrumentos (Seguro-Safra e Programa de Compra de Alimentos, entre outros), passou a gerar três em cada quatro empregos rurais do País. O Nordeste abriga 43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.
O resultado disso é registrado pela professora Tânia: “O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no País com 5,9% ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior à de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da Rais”. E é no Nordeste onde houve também a maior redução da pobreza extrema (tabela).
Dilma obteve média de 65% dos votos nos nove estados nordestinos no primeiro turno. Esse porcentual nas pesquisas do segundo turno subiu para 71%. Sondagem do Ibope realizada no glorioso estado do Piauí retrata isso. No primeiro turno, a candidata petista alcançou um pouco mais de 60% dos votos. Agora deu um salto. No dia 15 de outubro, o Ibope registrou 70% das intenções de voto nela entre os piauienses. Isso pode prenunciar um massacre eleitoral.
“Esse não é o voto da submissão, da desinformação ou da ignorância. É o voto da autoconfiança recuperada e da esperança na consolidação dos avanços alcançados”, afirma Bacelar.
O Nordeste não trocou o voto pelo miolo do pão.

Coordenadora de campanha da Marina no NE declara apoio a Dilma

No encontro com prefeitos ontem em Belo Horizonte, a candidata Dilma Rousseff recebeu apoio do presidente do PV de Minas Gerais, José Fernando de Oliveira. Dilma também recebeu apoio da prefeita de Natal, Micarla de Sousa, que coordenou a campanha da Marina Silva no Nordeste. Ainda no encontro, o dramaturgo mineiro Pedro Paulo Cavas entregou a Dilma uma lista de apoio, com 300 assinaturas de artistas mineiros. Esses atos são importantes para mostrar que, mesmo o PV tendo optado pela neutralidade no segundo turno, as lideranças políticas estão fazendo suas escolhas por um projeto político para o Brasil.

PSDB fez dossiê contra Serra, indica Polícia Federal

A quebra dos sigilos fiscais de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Verônica Serra, Eduardo Jorge Caldas e outros tucanos, ligados ao candidato José Serra, havia sido atribuída ao PT por líderes do PSDB. Nesta semana, porém, as apurações da Polícia Federal conduzem a um caso de investigação interna no partido por motivação política.

O jornalista Amaury Ribeiro Júnior confessou ter contratado o serviço ilícito de investigação. E em depoimentos à Polícia Federal, afirmou que um grupo ligado a José Serra procurava montar dossiê contra Aécio Neves, que à época do pedido, em dezembro de 2007, era governador de Minas Gerais e travava uma disputa interna com Serra para definir quem seria o candidato do PSDB à Presidência.

Leia trecho do depoimento:
depoimento, amaury
A declaração foi dada no último dia 15 em depoimento e o documento foi obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo. O depoimento do jornalista indica que, ao contrário das acusações feitas por Serra, o dossiê contra pessoas ligadas ao tucano nasceu após uma disputa interna dentro do próprio PSDB. A campanha de Serra acusava o PT e pessoas ligadas à campanha de Dilma de ter encomendado a quebra de sigilo de tucanos e de familiares de Serra.
Amaury disse que decidiu, por conta própria, elaborar um dossiê. À época, ele trabalhava no jornal O Estado de Minas. Segundo ele, após obter informações de suas fontes jornalísticas, ele conseguiu descobrir que se tratava de “grupo que trabalhava pra José Serra, sob o comando do deputado federal Marcelo Itagiba [PSDB-RJ]”.
Segundo ele, no grupo havia pessoas ligadas ao SNI (Serviço Nacional de Investigação).

O pedido teria partido de Itagiba, delegado e à ocasião deputado tucano carioca, muito ligado a Serra e comandante do serviço de inteligência da Polícia Federal durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência.


Itagiba teria montado, então, ação com ex-agentes da Polícia Federal e da Abin (órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência) para vasculhar ações de Aécio e procurar supostas irregularidades.


Aécio tinha interesse em ser candidato do PSDB à Presidência e, como tem alto índice de aprovação principalmente em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral e decisivo na disputa presidencial, era uma barreira para Serra.


Em abril, o jornalista fez chegar aos ouvidos petistas a apuração, pois tinha interesse em participar da campanha de Dilma Rousseff. Mas o grupo que procurou não foi contratado pela campanha do PT.
Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o resultado das investigações “comprova o que dizíamos desde o início” sobre o suposto dossiê, de que “não houve solicitação, encomenda, ou ligação do PT ou da campanha” [de Dilma] relativa à quebra de sigilo de pessoas ligadas a Serra.

- O que podemos constatar é que caiu por terra qualquer tentativa do candidato Serra de dar forma de estrela a esse episódio, a esse bicho. Esse bicho tem perna, pena e bico de tucano.

Dutra afirmou que ainda falta descobrir o “motivo”, daí o pedido de investigação sobre a suposta central de espionagem de Serra.

- Não temos nem tivemos qualquer responsabilidade nesse episódio. Pedimos o primeiro inquérito, fizemos aditamento e agora a partir do que foi informado hoje estamos solicitando investigação dessa central de espionagem comandada pelo deputado Marcelo Itagiba, que além de tucano é araponga contumaz.

José Serra e política social não combinam

Atualmente de certa forma, não estão totalmente atrelados a burguesia industrial, em particular, a paulista, mas sim, em grande medida ao conservadorismo da política e da economia brasileira, ou seja, representam o projeto neoliberal no Brasil.
E isso, não é demérito nenhum, não é nenhum xingamento e muito menos um preconceito; é, sim, uma constatação e um legítimo direto que o candidato e a coligação tem de exercê-lo.
O que seria o neoliberalismo? O projeto neoliberal está centrado em reformas que ampliem as ditas forças criativas do mercado. Neste sentido, propõe como eixos fundamentais a liberalização dos mercados através da desregulamentação e a privatização de empresas estatais como forma de retomar o crescimento com aumento da eficiência e melhora na distribuição da renda.
Por Paulo Daniel
Para tanto, é imprescindível que reformas como ajuste fiscal, liberalização financeira e abertura comercial sejam realizadas. Nessa esteira, as grandes corporações globais passaram a adotar padrões de governança agressivamente competitivos, além do que, subordinaram seu desempenho econômico ao mercado financeiro.
Com a intensificação da concorrência global, não somente acelerou o processo de financeirização, como ampliou a concentração de riqueza e renda. Ampliando ainda mais a desigualdade entre aqueles que vivem da sua força de trabalho e os donos dos meios de produção.
No Brasil essas reformas foram realizadas com grande ênfase e êxito pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, entretanto, seu único resultado concreto, foi a estabilidade monetária financeira.
Os crescimentos medíocres obtidos na era FHC são reflexos das políticas fiscal e monetária contracionistas, ou seja, baixo gasto social e investimento público (entenda-se ajuste fiscal), bem como, crédito com altas taxas de juros, nada mais do que a receita neoliberal aplicada a sua exaustão.
Além do baixo crescimento do produto brasileiro, daí também decorre pouca geração de emprego, aumento da desigualdade social e queda do poder aquisitivo dos salários, em particular, do salário-mínimo.
A concepção política e econômica, a qual Serra celebra, está centrada na ampliação da concentração de renda e riqueza via o processo de financeirização e nas reformas liberalizantes, quanto ao Estado; continuará como parceiro inseparável do capital; pois o único “Deus” ao qual se poderá servir será o mercado, em especial, o financeiro.
Nas eleições presidenciais deste ano, Serra que representa o neoliberalismo, fez promessas que deixaram o conservadorismo econômico e político de cabelo em pé, como por exemplo, aumento do salário-mínimo de R$600, aumento aos aposentados de 10% e criação do 13º.ao Bolsa-família.
Pela lógica conservadora, afirmaria que não haveria dinheiro para tal feito, pois implicaria em deficits crescentes nas contas públicas, mesmo que venha a diminuir os cargos comissionados do governo, algo que dificilmente aconteceria em seu governo, haja vista, suas nomeações no governo de São Paulo.
Imaginando ainda que Serra insista em executar as promessas, essas seriam tão somente só para o ano de 2011, conforme o candidato e o seu plano de governo afirmam. Os anos vindouros seriam de ajuste fiscal, conforme o preceito liberal, ou seja, a tendência do aumento poder de compra do salário-mínimo, dos aposentados e do Bolsa-família se desmancharia no ar.
Uma outra constatação de que o PSDB e seus aliados representam o conservadorismo econômico, além de observar as políticas contracionistas de FHC, é importante constatar o deficit nominal zero muito comemorado pelo então governador de Minas Gerias, Aécio Neves e a ampliação do programa de privatização de José Serra em São Paulo, enquanto governador do estado.
Ao proclamar essas promessas fajutas para apenas seu possível primeiro ano de governo, Serra presta um desserviço à política econômica e social brasileira, pois focaliza e não universaliza as políticas públicas, não desenvolve a valorização continuada do salário-minimo e da renda dos aposentados e, principalmente, por conta do possível e certo ajuste fiscal nos anos seguintes, que é intrínseco ao projeto neoliberal, não ampliaria o investimento público, tendendo assim, a uma redução do produto interno brasileiro, da renda e do emprego.
Portanto, não existe política social, mas sim ilusionismo monetário, esse tipo de prática não contribuí para reduzir ou exterminar a miséria e a pobreza em nosso país e muito menos para se quer discutir um processo de desenvolvimento econômico e social sustentado e altivo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Duas pesquisas eleitorais mostram Dilma à frente de Serra

A pesquisa do Ibope/ Estado/Globo divulgada nesta quarta-feira 20, mostra a candidata do PT à presidência Dilma Rousseff com 11 pontos de vantagem à frente de José Serra (PSDB). Dilma subiu dois pontos em relação ao levantamento anterior, feito dia 13, e agora tem 51% das intenções de voto contra 40% do tucano que caiu três. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Excluindo-se os votos nulos e brancos, a petista tem 56% dos votos válidos contra 44% de Serra. Entre o eleitorado feminino Dilma abriu sete pontos de vantagem e tem 48% ante 41% da pesquisa anterior e esta pode ser uma das razões para seu crescimento. Ela também tem vantagem entre os homens 53% contra 39% da sondagem anterior. A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 20 de outubro com 3.010 eleitores de 201 municípios.
Já na pesquisa CNT/Sensus, também divulgada na quarta-feira 20, Dilma aparece na liderança com 46,8% das intenções de voto contra 41,8% de Serra. Entre os votos válidos, a petista tem 52,8% dos votos ante 47,2% para Serra. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada nos dias 18 e 19 de outubro com dois mil eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Vox Populi: Dilma tem 51%, Serra tem 39% e indecisos somam 4%

Pesquisa Vox Populi/iG divulgada nesta terça-feira mostra que a vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em relação ao tucano José Serra aumentou para 12 pontos percentuais. Segundo o Vox Populi, Dilma tem 51% contra 39% de Serra. Na última pesquisa, realizada nos dias 10 e 11 de outubro, a vantagem era de 8 pontos (Dilma tinha 48% e Serra 40%). Os votos brancos e nulos permaneceram em 6% e os indecisos passaram de 6% para 4%.
Se forem considerados apenas os votos válidos (sem os brancos, nulos e indecisos) a vantagem subiu de 8 para 14 pontos. Dilma tinha 54% e passou para 57%. Serra caiu de 46% para 43%. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.
A candidata do PT tem o melhor desempenho na região Nordeste, onde ganha por 65% a 28%. Já Serra leva a melhor no Sul, onde tem 50% contra 41% da petista. No Sudeste, que concentra a maior parte dos eleitores, Dilma tem 47% contra 40% do tucano.
O Vox Populi ouviu 3 mil eleitores entre os dias 15 e 17 de outubro. Os resultados, portanto, não consideram o impacto do debate realizado pela Rede TV no último domingo, nem a entrevista concedida por Dilma ao Jornal Nacional ontem à noite. A pesquisa foi registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral com o número 36.193/10.
Recortes
Depois de toda a polêmica envolvendo temas religiosos como o aborto, Serra atingiu 44% entre os entrevistados que se declararam evangélicos. Dilma tem 42%. Entre os que se declararam ateus, Dilma vence por 49% a 36%.
Entre os católicos praticantes Dilma tem 54% contra 37% do tucano. No segmento dos católicos não praticantes a petista consegue seu melhor desempenho, 55% contra 37% de Serra.
A petista ganha em todas faixas etárias. Já no recorte que leva em conta a escolaridade dos pesquisados, Serra vence entre os que tem nível superior por 47% a 40% da petista. No eleitorado com até a 4ª série do ensino fundamental Dilma tem 55% contra 38% do tucano.
Serra também vai melhor entre o eleitorado com mais renda. Entre os que declararam ganhar mais de cinco salários mínimos, ele tem 44% contra 42% da petista. Dilma tem seu melhor desempenho entre os mais pobres, que ganham até um salário mínimo, 61% a 31%.
Embora seja mulher Dilma tem índices melhores entre os homens. Conforme o levantamento ela tem 54% contra 38% de Serra no eleitorado masculino e 48% contra 40% do tucano no eleitorado feminino.
No recorte que leva em consideração a cor da pela Dilma atinge 59% entre os entrevistados que se declararam negros contra 29% de Serra. Entre os brancos, a petista tem 45% contra 44% do tucano.
Segundo o Vox Populi, 89% dos entrevistados disseram estar decididos enquanto 9% admitiram que ainda podem mudar de ideia. Entre os eleitores de Dilma a consolidação do voto é maior, 93%. No eleitorado de Serra, 89% disseram que estão decididos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bispo Diocesano de Caçador-SC fala ao Epocaestado.. Não estou falando em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas como cidadão e como Bispo da Igreja Católica.

Desde que fiquei sabendo das candidaturas à Presidência da República, tive uma só atitude: não quero subestimar nenhum dos(as) candidatos(as), pois não sou melhor do que ninguém, e muito menos dono da verdade.

Pensava: aquele(a) que ganhar fará o melhor pelo nosso Brasil, pois irá se assessorar de pessoas competentes e honestas, e basta.

Passados alguns dias, iniciaram as propagandas eleitorais. Subitamente, a minha caixa de correio foi tomada por uma "avalanche" de e-mails contra uma candidata apenas, a Dilma Rousseff. Preciso dizer com todas as palavras, que fiquei indignado.

É importante dizer que logo que saiu a lista dos candidatos eu fiz a minha escolha.

Mas, o fato de ver diariamente o "tsunami" de "denúncias" contra esta candidata, na minha caixa de correio, revelando total falta de respeito para comigo e também para com a candidata, levou-me a refletir e a pesquisar. Perguntava-me: por que somente contra ela? Devo ser honesto e afirmar que não recebi nenhuma "matéria" contra qualquer outro(a) candidato(a).

A reflexão levou-me até Jesus Cristo, que um dia disse: "Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra" (Jo 8,7).

Por que estão jogando pedras só na Dilma? Em 1Jo 1,10 está escrito: "Quem diz não ter pecados, faz a Deus de mentiroso". Conclusão: Os que jogam pedras não têm pecados. Eis o grande problema. Estão tomando o lugar de Deus. Mas, Ele mesmo, não tendo pecado, não jogou pedras na pecadora. Isto é muito sério. Na verdade quem joga pedras está negando Deus. E o saudoso Beato, Papa João XXIII, que nos chamou a todos, através do Concílio Vaticano II, a sermos uma Igreja misericordiosa e aberta aos novos valores, deixando o ranço de lado, pelo sopro Vivificante do Espírito Santo, disse: "A pessoa que deixa Deus de lado, se torna perigosa para si e para as outras pessoas".

E agora? A conversão é graça de Deus para pessoas abertas a Sua Misericórdia. "Os misericordiosos, alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7) Mas as pessoas auto-suficientes, donas da verdade, prepotentes, por isso sempre prontas a jogar pedras nos outros, estão muito longe de "Deus, que é Amor" (1Jo 4,8).

Assim, concluí: Todos somos pecadores, mas uma só pessoa está levando pedradas nesta campanha eleitoral à presidência do Brasil. Aí, eu que já havia escolhido o meu candidato, fiz uma nova escolha. Decidi, diante de Deus, que esta mulher apedrejada é a minha candidata para presidir o Brasil. Tem também um velho ditado popular que diz: "Só se atira pedras em árvores que dão frutos bons". E pesquisando descobri que esta candidata, enquanto ministra, produziu muito e bons frutos.

Procurei me aprofundar mais no conhecimento da minha candidata. Descobri que é uma mulher honrada e séria. Arriscou sua vida, durante a ditadura militar, da tirania do poder que oprime, tortura e mata. Sim, a Dilma foi presa e torturada por querer um Brasil democrático, fraterno, solidário, com vida e dignidade para todas as pessoas e não somente para algumas.

Então pensei: é exatamente isto que o Pai do Céu quis e continua querendo para todas as pessoas. Esta questão somou vários pontos para a candidata.

Nosso saudoso e amado Dom Helder Camara dizia: "Quando reparto o meu pão com os pobres, me chamam de santo, mas quando pergunto pelas causas da pobreza, me chamam de comunista".

Até hoje, as pessoas verdadeiramente comprometidas com um país mais justo e igualitário, e para isso precisa de projetos sérios de transformação, continuam sendo taxadas assim. Algumas pessoas, por incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda conseguem meter medo numa certa camada da população com este jargão.

Analisei também o desempenho da candidata quando era funcionária no governo estadual e federal. Os frutos bons são abundantes, especialmente para os menos favorecidos. Sim, saiu-se muito bem. Mais um ponto para ela.

Percebi também que, levando pedradas, não retribuía, e isto está de acordo com o Evangelho. Mais um ponto para a Dilma.

Comecei a analisar as suas palavras, idéias e projetos. Uma mulher inteligente, sábia, abnegada, perspicaz e atualizada. Outro ponto para esta mulher.

Também fui apurar as "denúncias" que enchiam a minha caixa de correio. Descobri montagens falsas, mentiras e calúnias. Aí novamente lembrei-me de Jesus que disse: "O diabo é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44).

Não tive mais dúvidas, é na Dilma que irei votar, independentemente de partido político.

Ninguém pode galgar degraus pisando nos outros. Isto não é nem humano, muito menos cristão.

Quem deseja servir o povo, precisa jogar limpo. Pessoa religiosa não é a que fica dizendo Senhor, Senhor..., mas aquela que faz a vontade de Deus. E a vontade de Deus é "que todos tenham vida e a tenham plenamente" (Jo 10,10).

A vontade de Deus é que todas as pessoas vivam como irmãos e irmãs, no respeito à vida de todos os seres. Descobri que a candidata Dilma tem este desejo profundo. Aliás, é o seu grande sonho que, juntamente com todo o povo, quer tornar realidade.

No domingo à noite, dia 10 de outubro, assisti ao debate promovido pela BAND. Um dos dons que Deus me concedeu foi o de conhecer as pessoas pelos seus olhos. Não costumo revelar o que vejo e sinto para todas as pessoas.

Durante o debate meus ouvidos estavam atentos às palavras dos candidatos, mas meus olhos foram atraídos para a expressão da sua face e a delicadeza do seu olhar.

Percebi duas atitudes muito interessantes: 1)Sua face estava sempre serena e seu leve sorriso não era forçado e nem transmitia falsidade. 2)Seus olhos, que são espelhos de sua alma, transmitiam segurança, confiança, ternura e sinceridade. Estas qualidades agregaram mais alguns pontos a Dilma.

Como nós precisamos destas atitudes que na verdade são qualidades e dons de Deus! Dilma você passou pelo gelo da dor, tantas vezes, e por isso chegou ao incêndio do verdadeiro amor que vem do alto.

Nosso saudoso e amado Dom Luciano Mendes de Almeida dizia: "a bondade rompe todas as barreiras". Avante minha irmã! Deus está com você. Cuide-se! Continue sendo bondosa e a confiar nas suas assessorias. Mas mantenha, discretamente, o controle de tudo para evitar desgostos e desgastes maiores e desnecessários, pois somos todos passíveis de erros. Mantenha-se sempre alerta e busque momentos de descanso na oração silenciosa para que Deus, que é Pai e tem a ternura da Mãe, lhe fale ao coração, plenificando-o de alegria e coragem. Dom Angélico, meu grande amigo e irmão, sempre diz: "Quem não reza vira monstro".

Dilma, desculpe eu falar abertamente que não iria votar em você. Busco ser sincero como você. Mas tenha certeza de que continuarei a pedir a Deus que a ilumine e abençoe, chegando ou não à Presidência. Não estou falando em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas como cidadão e como Bispo da Igreja Católica, santa e pecadora, que deseja o melhor para o Povo de Deus.

Pessoalmente creio que é esta a hora de uma mulher experiente, honesta e competente, como você, chegar lá e continuar a fazer deste país, uma nação que defenda e proteja a vida de todos(as), desde a concepção até a morte natural.

Sim, neste segundo tempo a bola vai rolar elegantemente pelo gramado e balançar a rede!

Caçador, 12 de outubro de 2010 (solenidade de N. Sra. Aparecida. Padroeira do Brasil).

* Bispo Diocesano de Caçador-SC


sábado, 16 de outubro de 2010

Até que ponto chegou.


É inacreditável o nível de desfaçatez que tomou a exploração religiosa na campanha de José Serra. Por acaso esse santinho não é a utilização mais descarada é farisaica do nome de Cristo em favor de uma candidatura.


Há momentos sublimes na interpretação do candidato tucano. Ele se prontifica a deglutir hóstias sagradas e se apresentar como derradeiro apóstolo de Jesus Cristo. Enquanto isso, a mídia concretiza a mais ampla, geral e irrestrita conciliação elitária da nossa história, na qual este gênero de arreglo invariavelmente nasceu do ódio à maioria e representou um capítulo fatal.

"Tucanos e mídia acham que vivemos entre 1950 e 60. Na imagem, agora Serradeu para se apresentar como derradeiro apóstolo de Cristo." Por Mino Carta.

E aí Aldo Pagoto, e aí Padre Zé Augusto da Canção Nova, e aí Silas Malafaia, não vão falar nada?


>>
A hipocrisia e desfaçatez da Turma do Serra me dá nojo!
>>
Agora é Dilma 13 para o Brasil seguir mudando!


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PPS, PT e PSB anunciam criação de Comitê para Dilma e Ricardo Coutinho em Cabedelo

Representantes do PPS, PT e PSB decidiram criar um comitê prol Dilma (PT) e Ricardo Coutinho (PSB), em Cabedelo. A decisão foi tomada durante reunião com 30 lideranças comunitárias que foi por representantes das três legendas, sendo elas Aguinaldo Silva do PPS, Divino do PT e Marcos Patrício do PSB.
A reunião foi realizada na última quarta-feiras e também contou com as presenças do presidente do PT de João Pessoa, Antônio Barbosa, Alexandre Urquiza (PSB), Cassandra Figueiredo e Fábio Targino todos integrantes da Coordenação da campanha a governador de Ricardo Coutinho (PSB).
Os participantes da atividade afirmaram apoio ao projeto de governo Ricardo Coutinho e decidiram pelo engajamento na campanha de Dilma para presidente e Ricardo para governador. A Comissão prepara para o inicio da semana que vem a inauguração do Comitê.

Do que não podemos esquecer...

Amanheci com medo, um medo que há muito não sentia. Amanheci insegura, parei perto do quarto dos meus filhos e os observei dormir. Aí o medo aumentou. O medo e a insegurança pelo futuro de cada um deles, sentimento que não mais me perturbava, pois meus filhos vivem um momento que eu sonhei e lutei muito para que chegasse.

O Brasil que vivemos hoje, como eu, esqueceu-se que há 8 anos, 50 milhões pessoas passavam fome e que o presidente em quem votei, o presidente Lula, mostrou ao mundo que a fome era a grande mazela do nosso país, da América e da África. Para combatê-la, ele criou o Fome Zero e o Bolsa Família.

Nós brasileiros esquecemos que nossos jovens, sem esperança, saiam do país aos milhares em busca de sub-empregos, a maioria sem completar o ensino fundamental. Esquecemos também do desembrego que assolava o país e que milhões de brasileiros estavam na linha da miséria.

No Brasil de hoje, fica difícil imaginar que entregamos nossas riquezas a Vale do Rio Doce e tudo que ela representa: nossas minas de minério, nossos mapas de lençóis freáticos, nossas minas de diamantes, ouro...

Fica difícil imaginar que a Petrobras, hoje a maior empresa do setor do mundo, quase foi vendida, e teve até plataformas afundadas para demonstrar sua ineficiência e justificar sua entrega às multinacionais. E aí, o que seria do Pré-Sal descoberto pela estatal? Esquecemos que Furnas seria privatizada e não nos lembramos mais do Lago de Furnas quase seco e do apagão.

Quando vimos milhões de jovens acessando a Universidade através do PRO-UNI, meio milhão de médicos vindos dos morros, favelas, palafitas, esquecemos do sucateamento das Universidades Federais e do descaso com a pesquisa e com os professores. A academia estava deteriorada.

A crise mundial chegou. Quebrou o mundo, mas aqui o Lula e a Dilma Rousseff lançaram o PAC, asseguraram o emprego, mativeram a indústria aquecida, criaram o MINHA CASA, MINHA VIDA e a construção civil gerou imediatamente milhões de empregos diretos e indiretos.

No campo, nunca se colheu tanto. A agricultura familiar recebeu mais incentivos em 8 anos do que nos últimos 50, fixando o homem no campo.

Por tudo isso e muito mais, o medo de voltarmos ao Brasil do passado é que me acordou tão cedo. Não podemos deixar que voltem aqueles que só governam para uma minoria. José Serra e FHC são iguais, defendem os mesmos ideais.

Por isso, você, meu amigo e minha amiga, não deixe que isso aconteça.
Ajude-nos a continuar mudando o Brasil com DILMA PRESIDENTE.

Palowa Mendes é militante social, historiadora e estudante de direito.

José Serra promete, nós fazemos.

Notícias boas para José Serra ler no café da manhã e durante todo o dia. Com elas, o candidato da oposição a presidente da República pela coligação de direita PSDB-DEM-PPS vai atualizar-se, uma vez que vive fora da realidade, e elevar um pouco o seu astral,  já que só fala de coisas negativas.

O otimismo externo na economia levou a Bolsa de Valores (BOVESPA) brasileira a registrar ontem seu 3º pregão consecutivo de alta nos três primeiros dias úteis desta semana. Também a demanda de vôos na aviação comercial cresceu 30% no mês passado no país.

É uma confirmação do que sempre afirmo aqui no blog: não precisa se recorrer a teorias econômicas para explicar este crescimento, porque as razões são simples - o aumento ocorre porque a população de todas as classes sociais, notadamente trabalhadores e classe média, com aumento do emprego, salário e renda proporcionado pelas políticas do governo Lula passou a dispor de condições para viajar de avião.
Nordeste amplia exportações, comércio vende mais.

Consolidado no país, o etanol avança rumo à internacionalização, mostra artigo (leia) publicado na Folha de S.Paulo por José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia (empresa do Grupo Odebrecht). O crescimento da demanda nacional dobrou nos últimos quatro anos e deve superar os 50 bilhões de litros/ano até 2015, assinala o articulista.

O Nordeste foi a região brasileira que mais elevou as exportações neste 2010. As vendas de mercadorias da região para o mercado externo cresceram 40,56% de janeiro a setembro deste ano. E o  Pão de Açúcar, um dos maiores grupos varejistas do país, anunciou aumento de 16% em suas vendas no último trimestre.

Esta ampliação - não só no Pão de Açúcar mas, com certeza, no comércio em geral e na performance da indústria - explica o levantamento da Associação das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (ASSERTTEM), segundo o qual, o emprego temporário no país crescerá 11% este ano. É isso mesmo: mais 139 mil vagas serão criadas até dezembro, 70% delas no comércio onde a estabilidade econômica e a ascensão da população para a classe C explicam o aumento das vendas.

Medo do desemprego, o menor dos últimos 14 anos
Agora, o fecho de ouro nessa série. Para elevar ainda mais o ânimo de José Serra publico, também, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo qual evidencia-se que o medo do desemprego nunca esteve tão em baixa no Brasil. O índice de medo do desemprego totaliza 81,1 pontos (quanto menor a pontuação, maior a confiança na manutenção do emprego) em setembro, o menor desde maio de 1996.

De acordo com o levantamento da CNI, este foi o 3º trimestre consecutivo em que mais da metade dos brasileiros admitiu não estar com medo do desemprego: 55% dos entrevistados disseram não temer ficar sem trabalho e outros 30% admitiram ter pouco medo. (Leia mais)

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Leonardo Boff apoia aliança entre Marina e Dilma

O Brasil está ainda em construção. Somos inteiros mas não acabados. Nas bases e nas discussões políticas sempre se suscita a questão: que Brasil finalmente queremos?



É então que surgem os vários projetos políticos elaborados a partir de forças sociais com seus interesses econômicos e ideológicos com os quais pretendem moldar o Brasil.



Agora, no segundo turno das eleições presidenciais, tais projetos repontam com clareza. É importante o cidadão consciente dar-se conta do que está em jogo para além das palavras e promessas e se colocar criticamente a questão: qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as “humilhadas e ofendidas” e consideradas “zeros econômicos” pelo pouco que produzem e consomem.



Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, Presidente do pais, Luiz Inácio Lula da Silva. Fou uma virada de magnitude histórica.



Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil apesar da derrota de suas principais teses na crise econômico-financeira de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. Para facilitar a dominação do capital mundializado, procura-se enfraquecer o Estado, flexibilizar as legislações e privatizar os setores rentáveis dos bens públicos.



O Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso embarcou alegremente neste barco a ponto de no final de seu mandato quase afundar o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluidos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.



Os portadores deste projeto são aqueles partidos ou coligações, encabeçados pelo PSDB que sempre estiveram no poder com seus fartos benesses. Este projeto prolonga a lógica do colonialismo, do neocolonialismo e do globocolonialismo pois sempre se atém aos ditames dos paises centrais.



José Serra, do PSDB, representa esse ideário. Por detrás dele estão o agrobusiness, o latifúndio tecnicamente moderno e ideologicamente retrógrado, parte da burguesia financeira e industrial. É o núcleo central do velho Brasil das elites que precisamos vencer pois elas sempre procuram abortar a chance de um Brasil moderno com uma democracia inclusiva. 



O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora. Que forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.



Ora, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres nunca assistido em nossa história. Representou em termos políticos uma revolução social de cunho popular pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.



Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e sangra.



É aquí que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra. Marina em sua campanha lançou esse programa. Seguramente se inclinará para o lado de onde veio, o PT, que ajudou a construir e agora a enriquecer. Cabe ao PT escutar esta voz que vem das ruas e com humildade saber abrir-se ao ambiental proposto por Marina Silva. 



Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.



Leonardo Boff é teólogo

Religiosos divulgam no Rio manifesto em apoio a Dilma

Encabeçado por sete bispos, entre eles dom Thomas Balduíno, bispo emérito de Goiás Velho (GO) e presidente honorário da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e d. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia (MT), foi divulgado hoje um manifesto de "cristãos e cristãs evangélicos e católicos em favor da vida e da vida em abundância", que contava no início da tarde com mais de 300 adesões de religiosos e fiéis. O texto será entregue a Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira, no Rio, na mesma cerimônia em que a candidata à Presidência receberá apoio de intelectuais e artistas.
Os adeptos rechaçam que "se use da fé para condenar alguma candidatura" e dizem que fazem a declaração de voto "como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais".
No manifesto, eles deixam claro que "para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra (José Serra, presidenciável pelo PSDB)".
O documento recebeu o apoio dos bispos Demétrio Valentini (Jales, SP); Luiz Eccel (Caçador, SC); Antônio Possamai, bispo emérito de Rondônia; Xavier Gilles e Sebastião Lima Duarte, bispo emérito e bispo diocesano de Viana (MA). Também apoiam Dilma dezenas de padres e religiosos católicos como Frei Betto, pastores evangélicos, o monge da Comunidade Zen Budista (SP) Joshin, o teólogo Leonardo Boff, o antropólogo Otávio Velho e a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides.
Pedofilia
O manifesto faz referência velada a casos de pedofilia nas igrejas para afastar a exigência de candidatos comprometidos com religiões. Os signatários do manifesto ressaltam: "Sabemos de pessoas que se dizem religiosas e que cometem atrocidades contra crianças e, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo. Não nos interessa se tal candidato(a) é religioso ou não."
O documento tenta atrair eleitores de Marina Silva, do PV, lembrando que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano, como propôs a candidata à Presidência derrotada, "só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido". Para eles, Dilma representa este projeto "iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula".
'Arrogância'
Embora admitam terem "críticas a alguns aspectos e políticas do governo atual que Dilma promete continuar", os signatários destacam saber a diferença entre "ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir".
"Neste sentido, tanto no governo federal, como nos Estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido", afirma o texto.

Tião Gomes, o prefeito de Barra de Santa Roza e o ex de Aparercida aderem a Ricardo Coutinho

Deputado Tião GomesO deputado estadual eleito Tião Gomes, do PSL, o prefeito de Barra de Santa Roza, Evaldo Costa Gomes, e o ex-prefeito de Aparecida, Zé de Boi Velho, acabam de aderir à candidatura de Ricardo Coutinho, do PSB.

Com adesão de Zé de Boi Velho, Ricardo Coutinho consegue unir ao seu lado os dois grupos políticos que disputam o poder no município. Ele contava com o apoio do prefeito Deusimar Pires Ferreira, desde o primeiro turno.

O encontro com Ricardo foi realizado no Hotel Faraó, em João Pessoa, onde aconteceram as três adesões. Os três que aderiram já vinham conversando com Ricardo desde o primeiro turno das eleições.

Tião Gomes vinha tendo divergências com secretários do governo do Estado, entre eles Sales Gaudêncio, da Educação, Antônio Fernandes, da Administração, e Alfredo Nogueira, presidente da Cagepa.

Amanhã novas adesões à candidatura de Ricardo Coutinho serão anunciadas.

Evaldo: prefeito de Barra de Santa Roza  
Evaldo: prefeito de Barra de Santa Roza

Guerra suja na campanha eleitoral

Corre solta na internet uma guerra – e, como toda guerra, sem qualquer ética – de manipulação da informação, agora tendo como aliados partidos de oposição e os setores mais retrógrados das igrejas católica e evangélica, incluindo velhas e conhecidas organizações como o Opus Dei e a TFP
As campanhas eleitorais têm servido para revelar, de forma inequívoca, qual a ética empresarial e jornalística que predomina na grande mídia brasileira.
Os episódios recentes relacionados à demissão de conceituada articulista do Estado de S.Paulo, assim como a ação da Folha de S.Paulo, que obteve na Justiça liminar para retirada do ar do blog de humor crítico Falha de S.Paulo, são apenas mais duas evidências recentes de que esses jornalões adotam, empresarialmente e dentro de suas redações, práticas muito diferentes daquelas que alardeiam em público.
Como se sabe, o Estadão é o jornal que afirma diariamente estar sofrendo “censura” judicial, há vários meses.
Tratei do tema neste Observatório quando da demissão do jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, publicada pela Editora Abril, por ter criticado, via Twitter, a revista Veja (ver “Hipocrisia Geral: Liberdade de expressão para quem?”).
Corre solta também, na internet, uma guerra – e, como toda guerra, sem qualquer ética – de manipulação da informação, agora tendo como aliados partidos de oposição e os setores mais retrógrados das igrejas católica e evangélica, incluindo velhas e conhecidas organizações como o Opus Dei e a TFP.
Ademais, uma série de panfletos anônimos sobre candidatos e partidos, de conteúdo mentiroso e manipulador, tem aparecido e circulado em diferentes pontos do país, aparentemente de forma articulada.
Estamos chegando ao “primeiro mundo”. Repetem-se aqui as estratégias políticas obscuras que já vem sendo utilizadas pelos radicais conservadores ligados – direta ou indiretamente – à extrema direita do Partido Republicano – o “Tea Party” – e também pela chamada “Christian Right”, nos Estados Unidos.
A bandeira da liberdade de expressão equacionada, sem mais, com a liberdade de imprensa, não passa de hipocrisia.
Começou com o PNDH3
A atual onda, que acabou por deslocar o eixo da agenda pública da campanha eleitoral e da propaganda política no rádio e na televisão para uma questão de foro íntimo e religioso, teve seu início na violenta reação ao Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3), capitaneada pela grande mídia. Na época, escrevi:
“O curto período de menos de cinco meses compreendido entre 21 de dezembro de 2009 e 12 de maio de 2010 foi suficiente para que as forças políticas que, de fato, há décadas, exercem influência determinante sobre as decisões do Estado no Brasil, conseguissem que o governo recuasse em todos os pontos de seu interesse contidos na terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto n. 7.037/2009). Refiro-me, por óbvio aos militares, aos ruralistas, à Igreja Católica e, sobretudo, à grande mídia.” ["A grande mídia vence mais uma", 15/5/2010].
São essas forças políticas – com seus paradoxos e contradições – que agora se unem novamente para tentar influir no resultado das eleições presidenciais de 2010, valendo-se da “ética” de que “os fins justificam os meios”.
Lições
A essa altura, já podem ser observadas algumas lições sobre a mídia e suas responsabilidades no processo político de uma democracia representativa liberal como a nossa:
1. Não é apenas a grande mídia que tem o poder de pautar a agenda do debate público. A experiência atual demonstra que, em períodos eleitorais, essa agenda pode ser pautada “de fora” quando há convergência de interesses entre forças políticas dominantes. Elas se utilizam de seus próprios recursos de comunicação (incluindo redes de rádio e televisão), redes sociais (p. ex. Twitter) e correntes de e-mail na internet. A grande mídia, por óbvio, adere e abraça a nova agenda por ser de seu interesse.
2. Fica cada vez mais clara a necessidade do cumprimento do “princípio da complementaridade” entre os sistemas de radiodifusão (artigo 223 da Constituição). Seria extremamente salutar para a democracia brasileira que o sistema público de mídia se consolidasse e funcionasse, de fato, como uma alternativa complementar ao sistema privado.
3. Independente de qual dos candidatos vença o segundo turno das eleições presidenciais, a regulação do setor de comunicações será inescapável. Não dá mais para fingir que o Brasil é a única democracia do planeta onde os grupos de mídia devem prosseguir sem a existência de um marco regulatório.
4. O artigo 19 da Constituição reza:
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na formada lei, a colaboração de interesse público.
Apesar de ser, portanto, claro o caráter laico do Estado brasileiro, na vida real estamos longe, muito longe, disso.
5. Estamos também ainda longe, muito longe, do ideal teórico da democracia representativa liberal onde a mídia plural deveria ser a mediadora equilibrada do debate público, representando a diversidade de opiniões existentes no “mercado livre de idéias”. Doce ilusão.
Artigo originalmente publicado no Observatório da Imprensa

Eleitos criam comitê para Dilma na PB com aval de dirigente nacional

Um comitê 'Dilma-presidente' será inaugurado na próxima semana em João Pessoa, com o intuito de fortalecer ainda mais a candidatura da petista na Paraíba. O comitê suprapartidário foi formado, nesta quarta-feira (13), em reunião com os recém eleitos deputados estaduais, Anísio Maia e Luciano Cartaxo, o deputado federal reeleito Luiz Couto, o vereador Nelson Lira, o presidente municipal do PT, Antonio Barbosa, candidatos não eleitos, sindicalistas, representantes de movimentos sociais, da juventude e dirigentes estaduais do PT. O deputado eleito Frei Anastácio não pode ser convidado para a reunião por se encontrar viajando.
Em reunião, nesta quinta-feira (14), em João Pessoa, com o dirigente nacional do PT, Wilmar Lacerda, Luiz Couto, Anísio Maia, Luciano Cartaxo e outros petistas, apresentaram a idéia do comitê ao dirigente, que concordou de imediato e comprometeu-se a ajudar com o envio de material de campanha.
De acordo com Luiz Couto, a campanha de Dilma ficou a desejar no estado, devido à vinculação as campanhas locais, o que fez com que o resultado das urnas não tivesse correspondido ao esperado pelo PT. “A idéia é que os candidatos eleitos dirijam agora suas forças para a campanha de Dilma. Vamos chamar a militância para as ruas e convencer aqueles eleitores e eleitoras que ainda estão indecisos para fechar compromisso com o projeto nacional de um país desenvolvido social e economicamente, iniciado por Lula e que terá continuidade com a companheira Dilma Rousseff”, enfatizou Couto.
Da ascom PT

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Serra está dizendo que o Bolsa Familia precisa ser ampliado.

Serra está dizendo que o Bolsa Familia precisa ser ampliado. Quando Lula ampliou o Bolsa Família em janeiro de 2009, o PSDB reagiu energiamente e o seu presidente, Sérgio Guerra, anunciou em entrevsta ao jornal Folha de S. Paulo que "tomaria providências" contra a medida do presidente Lula. Lembram? Segue a matéria da Folha, para refrescar a memória:
29/01/2009 - 08h29

Decisão sobre ampliação do Bolsa Família tem "cara e pinta de eleitoreira", diz tucano
da Folha de S.Paulo
da Folha Online

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmou que o aumento do número de beneficiados pelo Bolsa Família tem o objetivo de "atrair eleitores para 2010". Ele disse que a oposição vai tomar providências contra o "pacote social" de Lula.

"Do ponto de vista social, as medidas são meritórias. Mas o governo está perdendo receita e não sinaliza racionalização nos gastos. De onde virá o dinheiro?", questionou Agripino Maia (DEM-RN).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nesta quarta-feira autorizar que famílias que tenham renda mensal per capita de até R$ 137 recebam os benefícios do Bolsa Família. Até então, a autorização era apenas para as famílias com renda mensal per capita de R$ 120.

A decisão foi tomada por Lula depois de reunião com o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).

A primeira inclusão de beneficiados ocorrerá a partir de maio. Pelos dados do ministério, a medida vai permitir a inclusão de 1,3 milhão de famílias em todo país.

A previsão é que para o pagamento dos benefícios sejam gastos R$ 549 milhões neste ano. Não há ainda cálculos para 2010, segundo os técnicos. Cada família pode receber até R$ 60 por mês.

Link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u495803.shtml 

Centrais criticam as “mentiras de Serra”

O candidato José Serra (PSDB) tem se apresentado como um benemérito dos trabalhadores, divulgando inclusive que é o responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e por tirar do papel o Seguro-Desemprego. Não fez nenhuma coisa, nem outra. Aliás, tanto no Congresso Nacional quanto no governo, sua marca registrada foi atuar contra os trabalhadores. A mentira tem perna curta e os fatos desmascaram o tucano.

A verdade

Seguro-Desemprego - Foi criado pelo decreto presidencial nº 2.284, de 10 de março de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Sua regulamentação ocorreu em 30 de abril daquele ano, através do decreto nº 92.608, passando a ser concedido imediatamente aos trabalhadores.

FAT – Foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados, na sessão de 13 de dezembro de 1989, uma vez que o projeto de Jorge Uequed já havia sido aprovado.

Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988) - José Serra votou contra os trabalhadores:

a) Serra não votou pela redução da jornada de trabalho para 40 horas;

b) não votou pela garantia de aumento real do salário mínimo;

c) não votou pelo abono de férias de 1/3 do salário;

d) não votou para garantir 30 dias de aviso prévio;

e) não votou pelo aviso prévio proporcional;

f) não votou pela estabilidade do dirigente sindical;

g) não votou pelo direito de greve;

h) não votou pela licença paternidade;

i) não votou pela nacionalização das reservas minerais.

Por isso, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), órgão de assessoria dos trabalhadores, deu nota 3,75 para o desempenho de Serra na Constituinte.

Revisão Constitucional (1994) - Serra apresentou a proposta nº 16.643, para permitir a proliferação de vários sindicatos por empresa, cabendo ao patrão decidir com qual sindicato pretendia negociar. Ainda por essa proposta, os sindicatos deixariam de ser das categorias, mas apenas dos seus representados. O objetivo era óbvio: dividir e enfraquecer os trabalhadores e propiciar o lucro fácil das empresas. Os trabalhadores enfrentaram e derrotaram os ataques de Serra contra a sua organização, garantindo a manutenção de seus direitos previstos no artigo 8º da Constituição.

É por essas e outras que Serra, enquanto governador de São Paulo, reprimiu a borrachadas e gás lacrimogênio os professores que estavam reivindicando melhores salários; jogou a tropa de choque contra a manifestação de policiais civis que reivindicavam aumento de salário, o menor salário do Brasil na categoria; arrochou o salário de todos os servidores públicos do Estado de São Paulo.

As centrais sindicais brasileiras estão unidas em torno de programa de desenvolvimento nacional aprovado na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, em 1º de junho, com mais de 25 mil lideranças sindicais, contra o retrocesso e para garantir a continuidade do projeto que possibilitou o aumento real de 54% do salário mínimo nos últimos sete anos, a geração de 12 milhões de novos empregos com carteira assinada, que acabou com as privatizações, que descobriu o pré-sal e tirou mais de 30 milhões de brasileiros da rua da amargura.

Antonio Neto – presidente da CGTB

Wagner Gomes – presidente da CTB

Artur Henrique – presidente da CUT

Miguel Torres – presidente da Força Sindical

Jose Calixto Ramos – presidente da Nova Central

Dilma e a Fé Cristã

Frei Betto:
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, Dilma e eu nos encontramos no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela na ala feminina, eu na masculina, com a vantagem de, como frade, obter permissão para, aos domingos, monitorar celebração litúrgica na Torre, como era conhecido o espaço que abrigava as presas políticas.
Aluna de colégio religioso na juventude, dirigido pelas freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava ativamente de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia". Aliás, raros os presos políticos que professavam convictamente o ateísmo. Nossos torturadores, sim, o faziam escancaradamente ao profanarem, com toda violência, os templos vivos de Deus: suas vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula.
De nossa amizade posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria mesmo, terrorista- acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que lembrar que, por ser bispo, nenhum homem é santo.
Poucos bispos na América Latina apoiaram ditaduras militares, absolveram torturadores, celebraram missa na capela de Pinochet... Bispos também mentem e, por isso, devem, como todo cristão, orar diariamente "perdoai as nossas ofensas..."
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho. É na coerência de suas ações, na ética de seus procedimentos políticos, na dedicação ao povo brasileiro, que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: que, se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria sítios e fazendas produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Vemos um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Nas breves semanas que nos separam hoje do segundo turno, forças de oposição ao governo Lula haverão de fazer eco a todo tipo de boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em toda a trajetória de Dilma, em tudo que ela realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez, relata o evangelista Mateus, indagaram de Jesus quem haveria de se salvar. Para surpresa dos que o interrogaram, ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem disse que seriam aqueles que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem disse que seriam aqueles que se julgam donos da doutrina cristã e se arvoram em juízes de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu-os: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; nu e me vestistes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46)
Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos uma vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
[Frei Betto é escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros - www.freibetto.org twitter:@freibetto]

* Escritor e assessor de movimentos sociais

Os pecados da maledicência e do falso testemunho contra Dilma!

Os últimos dias de campanha do primeiro turno das eleições presidenciais foram marcados por uma inundação de invencionices religiosas, objetivando desconstruir candidaturas a partir de preconceitos, do ódio e de mentiras.
 
Porém, o que me deixou mais abismado foi ver o quão as pessoas que se dizem cristãs praticantes são susceptíveis ao julgamento precipitado, injusto e impiedoso.
 
Quem me conhece sabe que não sou e nunca fui religioso, entretanto, reconheço a serventia dos ensinamentos cristãos para manter a paz no mundo; porque, para mim, Jesus Cristo foi antes de qualquer coisa um grande pacificador, que não tinha preconceitos e, apesar de ser auto-declarado o filho encarnado do próprio Deus, dava o exemplo da humildade, da bondade, do amor, da tolerância, do respeito às diferenças e, acima de tudo, do perdão.
 
Nesse sentido, são várias as passagens bíblicas em que o Cristo dá lições práticas de que nem o mais puro de nós é digno de atirar a primeira pedra.
 
A despeito disso – de uma lição tão cristalina como essa – uma parte expressiva daqueles que se proclamam seguidores dos ensinamentos cristãos não pensaram duas vezes em espalhar boatos, mentiras e maledicências contra a candidata a Presidência da República, Dilma Vana Roussef.
 
Tudo começou com e-mail falsos, criados no submundo da política, atribuindo a Dilma idéias e falas que não são dela e nem foram proferidas por ela. São alguns exemplos:
 
1)     Dilma disse que: “nem Deus tira a sua vitória!”
2)     “Dilma é a favor de matar criancinhas”
3)     “Satanás tem um pacto com um filho de Michel Temer e, após dois anos depois de eleita, ela vai morrer para Temer assumir e o Capeta dominar o Brasil!”
 
Esses são apenas alguns exemplos das mentiras que irrogaram a Dilma, sem que ela sequer tivesse a chance de se defender, porque eram anônimas, ninguém foi a público reivindicar a autoria, mas todo mundo sabe quem se beneficiou com esse jogo sujo.
 
Mas o que me deixa mais admirado é como uma pessoa, dotada de inteligência que, inclusive, segundo os “criacionistas”, é dádiva divina, são capazes de se enganar com bobagens e crendices como essas que foram ditas.
 
No primeiro caso, o e-mail enviado tem um link de um vídeo, no qual passa uma séria de slides com a imagem de Dilma, sem que ela diga uma única palavra, mas que tem um texto abaixo atribuindo a ela a tal frase e assim, sem nenhuma prova, os que se dizem cristãos acreditam e de imediato a julgam culpada e atiram pedras.
 
A segunda acusação saiu da boca da própria esposa do Candidato José Serra, a Senhora Mônica Serra, que num ato rasteiro usou essa frase para dizer que Dilma é a favor do aborto, quando na verdade nem Dilma, nem Lula editou, nos 08 (oito) anos de seu Governo, uma única norma que criasse ou regulamentasse qualquer forma de aborto no Brasil.
 
Por outro lado, em 1998, quando FHC era Presidente e Serra era Ministro da Saúde, foi regulamentado o aborto no Sistema Único de Saúde do Brasil – SUS – através de documento normativo assinado por Serra.
 
Ou seja, de todos os candidatos a Presidência da República o único que fez alguma coisa em prol do aborto foi SERRA, mas é Dilma quem está sendo acusada, apenas por ter feito um comentário em uma entrevista há 05 (cinco) anos, afirmando que o aborto tem que ser tratado não com cadeia, mas com atendimento médico.
 
E fora isso, a própria Dilma já assinou um documento junto a várias religiões se comprometendo a não mandar para o Congresso Nacional qualquer projeto de lei que objetive criar novas formas de aborto, a exceção das já existentes na legislação, quais sejam: para os casos de estupro e de risco de vida para a mãe.
 
E que fique claro que o posicionamento de Dilma sobre essa questão é o mesmo de todos os candidatos, inclusive da própria Marina Silva que é evangélica praticante.
 
O terceiro caso, novamente da conta de um e-mail que afirma que o filho do candidato a vice de Dilma, Michel Temer, tem um pacto com o Capeta e através dele o “Chifrudo” vai dominar o Brasil.
 
Isso é tão hilário, que eu custo a acreditar que alguém em sã consciência possa ter acreditado.
 
Mas, vou insistir no assunto, imaginando que existem pessoas tão inocentes ao ponto de crer nessas bobagens, e o faço com uma indagação: Será possível que os cristãos acreditam mais na força do Demônio do que na de Cristo?
 
Será possível que o povo brasileiro, cristãos em sua ampla maioria, serão dominados apenas com um suposto pacto entre uma figura inexpressiva e o Capeta?
 
Tem horas que eu fico imaginando que certas pessoas que se dizem cristãs, uma minoria é claro, acreditam mais nas forças do mal do que nas do bem.
 
Para finalizar, repito: não sou nenhum beato de igreja, mas, pelo que vejo, a quantidade de pecados que acumulo na minha sacola não chegam aos pés dos daqueles que vivem agarrados nas pernas de padres e pastores, mas que, quando passam das portas das igrejas, têm como profissão de fé divulgar maledicências, mentiras, falsos testemunhos e a fazer julgamentos injustos e arrogantes contra outros filhos de Deus.
 
Mas tudo bem, porque o Deus que conheci na Bíblia a tudo perdoa, basta que o arrependimento seja sincero e que haja mudança de atitude.
 
Todavia, até que o perdão nos seja dado, que Deus nos projeta das maledicências, do misticismo e da burrice!
 
Por Denilton Medeiros
Servidor Público